A cozinha alentejana, riquíssima em paladares, esteve sempre ligada aos produtos do campo: o pão, o azeite e as ervas aromáticas e o porco.
Sem dúvida, foi o pão o principal apoio, a base de toda a comida de todos os alentejanos.
Comido seco, com azeitonas, com um bocadinho de queijo curado, com toucinho ou uma rodela de linguiça, o pão foi almoço e lanche das gentes dos campos, durante séculos.
Em sopas e migas, com ou sem conduto, foi a ceia que, depois de uma dura jornada de trabalho, aconchegou o estômago de milhares de famílias.
E porque ervas e cheiros foram bens que a mãe Natureza nunca lhe negou, o alentejano aprendeu a usar produtos simples e pobres na feitura de pratos onde o gosto e o prazer de comer constituem um ato cultural cada vez mais divulgado e reconhecido.
A cultura da oliveira no Alentejo e a utilização do azeite também fazem parte da história e da economia da região.
Cedo começou a ser utilizado como combustível na iluminação, e como “óleo sagrado” nos conventos, continuando a ser até hoje um dos ingredientes principais da gastronomia alentejana. O famoso porco preto alentejano é rei e senhor da culinária alentejana. Criado com uma alimentação à base da abundante bolota, a matança do porco é um acontecimento social desde eras seculares. Tudo é aproveitado e as
carnes nobres são utilizadas para comer em pratos típicos.
Já algumas gorduras são usadas para o fabrico dos famosos enchidos como a farinheira, o chouriço de sangue, a morcela, as linguiças e outros que depois de dias no fumeiro fazem as delicias de todos nós.
O fumeiro, tal como a salga aliás, são desde os primórdios dos tempos, em que não havia luz elétrica e nem refrigeração disponível numa região do sul do país onde as temperaturas atingem facilmente os quarenta graus no verão, excelentes técnicas de conservação dos alimentos e de garantir que durariam todo o ano.
Mas, para além das matérias-primas que são usadas como ingredientes da gastronomia alentejana, é esta gastronomia também muito apoiada no conhecimento prático ou saber fazer da população que, para além dos conhecimentos culinários, toda a vida explorou hortas, montados, barros e campinas, na época própria do ano.


